Formation : la médiathèque Domini

3- O amor e a vida na Palavra de Deus e nos ensinos da Igreja (00:57:14)

Publicado a por

Introdução

Comecemos por um paralelo interessante.

"Toda o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. "[1]

"O Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus. "[2]

  • Um pouco mais adiante, a Declaração Universal dos Direitos do Homem acrescenta:

"A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado. "[3]

"O matrimónio e a família constituem um dos bens mais preciosos da humanidade. "[4]

O carácter essencial da vida e do amor é, portanto, afirmado por todos. A Igreja, que transmite o ensinamento de Cristo, luz das nações, pode e deve dar o seu contributo insubstituível para uma perceção correcta da sacralidade da vida e do amor humanos. Neste ensinamento, à luz da Revelação, examinaremos brevemente o que a Palavra de Deus, e a Igreja seguindo as suas pegadas, transmitem aos homens sobre estes temas primordiais.

I- O que a Palavra de Deus nos diz sobre o amor e o dom da vida

A Palavra de Deus é obviamente a fonte primária da nossa reflexão. Vejamos primeiro o projeto de Deus sobre o amor humano, tal como foi revelado; depois veremos como o homem responde a ele no decurso da história da salvação.

A) O projeto de Deus sobre o amor humano

O projeto de Deus é-nos revelado desde a origem do homem, no momento da sua criação por Deus. Nos dois relatos da criação (cf. Gn 1 e 2), vemos a beleza do amor humano entre o homem e a mulher, criados à imagem e semelhança de Deus, e a sua complementaridade. Eles são chamados por Deus a participar no seu projeto criador, nomeadamente através da procriação: "Sede fecundos e multiplicai-vos..." (Gn 1,28). Não há dúvida de que este amor entre o homem e a mulher, e a sua missão de dar a vida, são desejados por Deus como um bem profundo: "Deus viu tudo o que tinha feito: era muito bom" (Gn 1,31). Veremos que este amor só permanece um bem quando é vivido segundo este projeto criador e na abertura a Deus.

No Livro de Tobit, vemos Deus conduzir Tobias a Sara através do anjo Rafael. Na noite do seu casamento, Tobias diz a Sara: "Sara, levanta-te. Vamos rezar a Deus (...). Somos descendentes de um povo santo e não podemos unir-nos como pagãos que não conhecem Deus". Depois disse ao Senhor: "Senhor, tu sabes que, se eu casar com esta filha de Israel, não é para satisfazer as minhas paixões, mas apenas pelo desejo de fundar uma família que abençoe o teu nome para todo o sempre" (cf. Tb 8, 4-10).[5]

Por fim, no Antigo Testamento, devemos mencionar os profetas, que utilizam as imagens do amor conjugal, materno e paterno para revelar o amor de Deus ao povo.[6] Devemos também sublinhar a preciosidade da vida. Aos olhos de Deus, ela tem sempre um valor absoluto, e quanto mais fraca for, mais deve ser protegida. O órfão, a viúva, o estrangeiro, o pobre, a criança, o idoso... são frequentemente mencionados como merecedores de uma atenção especial. Por mais frágil que seja um inocente, a sua vida tem um valor intangível e deve ser absolutamente respeitada.[7]

B) O Novo testamento

O Novo Testamento confirma e leva à sua plenitude o ensinamento já dado no Antigo Testamento. Assim o apresenta o texto Dignitas Personæ: “Deus qualificou a sua criação de ‘muito boa (Gn 1,31), assumindo-a depois no seu Filho (cf. Jo 1,14). Através do mistério da Encarnação, o Filho de Deus confirmou a dignidade do corpo e da alma que constituem o ser humano. Cristo não desprezou o corpo, mas revelou plenamente o seu significado e o seu valor:

“na realidade, o mistério do homem só se ilumina verdadeiramente no mistério do Verbo encarnado”.[8]

Por outro lado, a Encarnação reafirma para nós a altíssima vocação do homem, “a única criatura na terra que Deus quis por si mesma [9] : somos chamados a tornar-nos, em Jesus Cristo, “filhos de Deus(Jo 1,12), “participantes da natureza divina(2 P 1, 4).

Assim, “a partir destas duas dimensões, humana e divina, compreendemos melhor a razão de ser do valor inviolável do homem: ele tem uma vocação eterna e é chamado a comungar ao amor trinitário do Deus vivo ”[10].

Concretamente, Jesus falará da beleza do matrimónio, recordando a sua indissolubilidade (cf. Mt 19, 1-9), referindo-se ao desígnio do Criador dado “desde o princípio”. Além disso, o próprio Jesus sublinha que é Deus quem une o homem e a mulher: “O que Deus uniu, não o separe o homem” (Mt 19, 6). Sublinhemos também as palavras de Jesus sobre o acolhimento de uma criança: “Quem acolher uma criança como esta em meu nome, acolhe-me a mim” (Mc 9,37).

Também São Paulo usou palavras magníficas para falar da união conjugal, como imagem da união de Cristo e da Igreja (cf. Ef 5, 25-33): “Vós, maridos, amai as vossas mulheres como o Cristo amou a Igreja... [11] Por sua vez, São Pedro evocou o amor do homem e da mulher na vida conjugal (cf. 1 Ped 3, 1-7).

Assim, para a revelação cristã, a vida humana é boa e o amor humano é grande; é precisamente por isso que estes bens são preciosos e devem ser protegidos para não serem desfigurados, rebaixados ou caricaturados de uma forma que não são dignos.

C) A resposta dos homens

Se a Palavra de Deus é a revelação do projeto de Deus para o amor e a vida do homem, ela traça também o vasto panorama da resposta do homem. A realização deste projeto pelos homens, mesmo no seio do povo de Deus, é muito imperfeita e é regularmente marcada pelo pecado e pela infidelidade. A Palavra de Deus dá-nos um relato realista da resposta do homem ao plano de Deus em cada etapa da história da salvação.

Começa com o pecado original. Ao quebrarem a harmonia com Deus - ao desobedecerem-lhe - Adão e Eva quebram ao mesmo tempo a harmonia que existia entre eles: “Foi a mulher que me deste" (Gn 3,12). Segue-se rapidamente o primeiro crime contra a vida, o assassínio de Abel pelo seu irmão Caim (cf. Gn 4,1-16). É impossível enumerar todos os pecados contra a vida e o amor que são narrados na Bíblia. A título de exemplo, mencionemos apenas o de David, que contém ambos. Envolvido na sua luxúria por uma mulher, Betsabé, David cometeu adultério com ela, mandando depois matar o seu marido Urias, um dos seus soldados, para esconder o seu adultério (cf. 2 Sam 11, 2-27). Sabemos que David se arrependeu profundamente e alcançou a misericórdia de Deus pelo seu coração puro e arrependido (cf. 2 Sam 12, 13 e Sl 50). A própria genealogia de Jesus menciona pessoas que estiveram em situações de pecado, mas que são antepassados do Messias.

O Novo Testamento menciona também pecados graves no seio da comunidade cristã, como o homem que vive com a mulher do pai (cf. 1 Cor 5, 1-12). São Paulo é radicalmente enérgico, com o objetivo de salvar a alma do pecador e não “contaminar” o resto da comunidade cristã.

Assim, a Bíblia não apoia a visão ingénua, tão difundida na Igreja de hoje, de que o amor humano é sempre bom e motivado por desejos puros e sinceros. Pelo contrário, embora o amor seja grande e bom no projeto de Deus, é muitas vezes marcado na história humana pelo egoísmo e pelo pecado, que são as consequências do pecado original e da tríplice concupiscência, mas também do mau uso da liberdade. Tal é o realismo da Palavra de Deus perante a situação concreta do homem, considerando a sua atitude perante a vida e o amor ao longo da história.

D) A redenção do amor humano pelo Cristo

Mas o Cristo veio para nos redimir e, portanto, também para salvar o amor humano das desfigurações a que muitas vezes está sujeito pela ação do Maligno e do pecado humano. Assim, a história da salvação é também a história da graça dada por Jesus, pela força da redenção que ele realizou.

Assim, se antes da sua vinda certas práticas eram toleradas, como o divórcio, era porque a graça de Cristo ainda não tinha sido dada. Era “por causa da dureza dos vossos corações(Mt 19,8). Mas Jesus recorda-nos que “no princípio não era assim” (Mt 19,8). A partir de agora, porém, a sua graça é-nos dada. Por isso, podemos dizer que “nada é impossível a Deus” (Lc 1,37); que “tudo é possível àquele que crê” (Mc 9,23); e Jesus diz ainda: “Tudo o que pedirdes na oração, crede que o recebestes, e ser-vos-á concedido (Mc 11,24; cf. também Jo 14,13 e Jo 16,23). Assim, na encíclica Veritatis Splendor, João Paulo II tirava do próprio Evangelho esta conclusão essencial:

"Cristo redimiu-nos! Isto significa: deu-nos a possibilidade de realizar a verdade plena do nosso ser; libertou a nossa liberdade do domínio da concupiscência. E se o homem redimido continua a pecar, isso não se deve à imperfeição do ato redentor de Cristo, mas à vontade do homem de escapar à graça que provém desse ato. O mandamento de Deus é certamente proporcional às capacidades do homem, mas às capacidades do homem a quem é dado o Espírito Santo, o homem que, se caiu no pecado, pode sempre obter o perdão e gozar da presença do Espírito.”[12]

É claro que isto exige um esforço da nossa parte, uma luta, sem a qual não pode haver vida segundo o Espírito (cf. Gl 5,16-25 e Ef 6,11-17). Com efeito, esta graça não é uma “graça barata”, mas uma graça que custa. Custou a Deus a vida do seu Filho.[13]

E) Observações

Concluamos esta primeira parte com duas observações importantes.

  • - Em primeiro lugar, devemos constatar com sinceridade que, sobretudo no domínio da vida e do amor, já no Antigo Testamento existe uma disciplina severa. O pecado é levado a sério. E isto continua a ser verdade no Novo Testamento, como se pode ver nas listas de pecados que aí se encontram (cf., por exemplo, Gl 5,19-20 ou 1 Cor 6,9-10), com estas palavras finais: “Aqueles que cometem estes pecados não herdarão o Reino de Deus” (Gl 5,21). (Gl 5,21) Note-se, de passagem, que a prática da homossexualidade é um dos pecados graves que desfiguram o amor humano (cf., por exemplo, Rm 1,21-28; 1Cor 6,9; 1Tm 1,10).
  • - Por outro lado, uma crítica frequente à Igreja é o facto de ela dar mais importância aos pecados contra a carne do que a outros pecados (como os pecados relacionados com o dinheiro). Isto é de facto verdade. E porquê? Muito simplesmente porque estes pecados tocam o próprio homem, a sua intimidade, o que é mais precioso do que os seus bens materiais. Ora, um pecado que prejudica algo mais precioso é mais grave. Assim, é também para proteger o que há de mais belo, a vida e o amor, que a Igreja, em perfeita continuidade com a Palavra de Deus, vela por estes bens, tantas vezes danificados pelo homem, mas que Cristo redimiu.

II-O ensinamento constante da Igreja sobre as questões do amor e da vida

O ensinamento da Igreja continua a Palavra de Deus. O Concílio recorda-nos que o Magistério não está acima, mas ao serviço da Palavra de Deus.[14] Por exemplo, João Paulo II comentou longamente os primeiros capítulos do Génesis, dando origem a uma “teologia do corpo” enraizada na Palavra de Deus.[15] A Igreja, “perita em humanidade”,[16] mãe e mestra, não podia ignorar estas questões do amor e da vida, “num domínio que toca tão de perto a vida e a felicidade dos homens”.[17] Comecemos, pois, por ver a coerência com que a Igreja tem ensinado sobre estes temas. Depois, evocaremos a complementaridade entre fé e razão, que é particularmente evidente nestes domínios. Por fim, veremos a oposição à palavra da Igreja.

A) A constância do ensinamento da Igreja

A total continuidade do ensinamento da Igreja sobre estes temas, desde o início, é um facto comprovado. Não podemos deixar de dar alguns exemplos, aprofundando os inúmeros escritos dos Padres, dos Santos e do Magistério.

Falámos da Palavra de Deus. Entre os anos 70 e 120, foi redigida a Didache, também conhecida como a Doutrina dos Doze Apóstolos. Este texto, que se seguiu imediatamente aos escritos do Novo Testamento, foi logo objeto de grande veneração, de tal modo que, durante algum tempo, foi lido, juntamente com as Epístolas, na liturgia da Igreja primitiva. Os Padres da Igreja (Santo Ireneu, Clemente de Alexandria, Atanásio, Orígenes) citaram-no frequentemente. Eis um pequeno extrato do texto: “Não matarás a criança por aborto, nem a farás morrer depois do nascimento.[18]

São João Crisóstomo (falecido em 407), comentando o Evangelho de São Mateus, escreve:

"Assim, Deus deixou claro no passado, pela criação do homem e pela lei que lhe deu pela primeira vez, que o homem deve ter apenas uma mulher e que a união do matrimónio nunca deve ser quebrada (...) "Já não são dois", diz ele, "mas uma só carne". Assim como é um crime dividir o mesmo corpo, também é um crime separar o marido da mulher. “[19]

Mais tarde, na sua 24ª sessão, em 11 de novembro de 1563, perante os erros protestantes, o Concílio de Trento recordou ensinamentos importantes sobre o sacramento do matrimónio.

Mas foi sobretudo no século XX que o ensinamento da Igreja se desenvolveu, em total continuidade com o que tinha sido dito até então, em resposta aos desafios crescentes ligados a estas questões. Em 1880, o Papa Leão XIII já tinha visto a necessidade de publicar uma encíclica sobre o matrimónio, Arcanum Divinae, para alertar para os perigos da legislação sobre o divórcio. Cinquenta anos mais tarde, em 1930, Pio XI escrevia também uma encíclica sobre o matrimónio, Casti Connubii. Era como se a Igreja previsse os terríveis ataques ao matrimónio nas décadas seguintes... No seu magistério ordinário, Pio XII ensinou muito sobre o matrimónio e dirigiu-se regularmente aos cônjuges. Mais tarde, o Concílio Vaticano II, na sua constituição pastoral Gaudium et Spes, dedicou um capítulo inteiro à “dignidade do matrimónio e da família "[20] , no qual descreveu a família como "uma comunidade íntima de vida e de amor”. [21] Nesta magnífica síntese, os Padres do Concílio consideram com realismo os perigos e os pecados que muitas vezes ameaçam o amor conjugal;[22] recordam que o vínculo matrimonial “escapa à fantasia do homem”, e reiteram que a vida e a tarefa de a transmitir “devem ser vistas sempre em relação com o destino eterno do homem[23].

Pouco depois do Concílio, Paulo VI publicou, a 25 de julho de 1968, a encíclica Humanæ Vitæ, que, ao reafirmar a ilegitimidade dos métodos contraceptivos, recordava corajosamente três opções essenciais da Igreja:

  • uma atitude positiva em relação ao lugar da criança na humanidade,
  • a relação intrínseca entre sexualidade e procriação
  • e o perigo real de tratar problemas morais reais com simples meios técnicos.[24]

Em 1980, realizou-se em Roma um sínodo sobre a família cristã. Na exortação apostólica que se seguiu, Familiaris consortio (1981), João Paulo II sublinhou:

“Em continuidade com a tradição viva da comunidade eclesial ao longo da história, o recente Concílio Vaticano II e o magistério do meu predecessor Paulo VI, expresso sobretudo na encíclica Humanae vitae, transmitiram ao nosso tempo um anúncio verdadeiramente profético, que afirma claramente e propõe de novo a doutrina e a norma sempre antiga e sempre nova da Igreja sobre o matrimónio e a transmissão da vida ”[25].

Devemos também mencionar o Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1992, que resume o ensinamento constante da Igreja sobre a vida, o matrimónio e a família. Por fim, existem duas encíclicas de São João Paulo II: Veritatis Splendor, publicada em 1993, e Evangelium Vitae, publicada em 1995. Por fim, a encíclica Deus Caritas est, de Bento XVI, de 2005. A Congregação para a Doutrina da Fé publicou duas instruções sobre as questões mais técnicas levantadas pela bioética: Donum Vitae, em 1987, e Dignitas Personae, em 2008. Uma frase do primeiro destes dois documentos pode dar uma ideia:

“A procriação humana exige a colaboração responsável dos cônjuges com o amor fecundo de Deus; o dom da vida humana deve realizar-se no matrimónio através de actos específicos e exclusivos dos cônjuges, segundo as leis inscritas nas suas pessoas e na sua união ”[26].

B) Um ensinamento imutável?

Alguns poderão perguntar: este ensinamento é de facto imutável e definitivo? A resposta é incontestavelmente afirmativa. Este ensinamento não pode mudar, porque é fiel à Palavra de Deus e ao ensinamento de Jesus, o Verbo feito carne. De certo modo, a moral faz parte da fé.[27] Podemos certamente considerar como válido para a moral o que Joseph Ratzinger escreve numa obra de eclesiologia sobre a fé:

“A fé é regulada pelos dados objectivos da Escritura e do dogma que, em tempos obscuros, podem escapar assustadoramente à consciência da parte numericamente mais numerosa da cristandade, sem perder nada do seu carácter obrigatório. Neste caso, a palavra do Papa pode e deve ser afirmada, contra as estatísticas e contra o poder da opinião, que se afirma ruidosamente como a única válida; quanto mais clara for a tradição (...), tanto mais será possível decidir com decisão. Por outro lado, será possível e necessário criticar as afirmações papais na medida em que não são garantidas pela Escritura e pelo Credo, ou possivelmente pela fé de toda a Igreja. Onde não existe nem a unanimidade de toda a Igreja, nem um testemunho claro das fontes, não é possível uma decisão vinculativa; caso fosse formalmente tomada, faltariam as suas condições necessárias, e ter-se-ia de levantar a questão da sua legitimidade. “[28]

C) Um apelo à fé e à razão

“A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade.”[29]

“Assim, a Igreja conjuga a sua meditação sobre a Palavra de Deus com uma sólida reflexão filosófica, antropológica e científica sobre as questões da vida e do amor do homem: “A Igreja Católica, ao propor princípios e avaliações morais para a investigação biomédica sobre a vida humana, recorre à luz da razão e da fé, contribuindo para a elaboração de uma visão integral do homem e da sua vocação”.[30]

D) Uma visão integral do homem

Antes de mais, é essencial partir de uma visão integral do homem,

“para além de perspectivas parciais - sejam elas biológicas ou psicológicas, demográficas ou sociológicas - à luz de uma visão integral do homem e da sua vocação, não só natural e terrena, mas também sobrenatural e eterna ”[31].

É possível conduzir esta reflexão a partir de dois pontos de vista diferentes, que irão convergir:

  • - A partir da natureza e da lei natural. Foi esta a abordagem escolhida por Paulo VI na sua encíclica Humanæ Vitæ, e é uma abordagem indispensável. “O homem não poderá encontrar a verdadeira felicidade, à qual aspira com todo o seu ser, senão no respeito pelas leis inscritas por Deus na sua natureza e que ele deve observar com inteligência e com amor. [32].
  • - Partindo do indivíduo, numa perspetiva mais existencial. É este o caminho escolhido por Karol Wojtyla no mémorandum preparado pelo grupo de reflexão a que presidiu a pedido de Paulo VI em 1968.[33] Ele chega à mesma conclusão que Paulo VI sobre a ilegitimidade das práticas contraceptivas. É por isso que, hoje em dia, se fala muitas vezes das pessoas apenas sob o ângulo psicológico dos seus desejos e da sua subjetividade. No mesmo espírito, ele escreveria mais tarde na exortação apostólica Familiaris Consortio: “A doação física total seria falsa se não fosse sinal e fruto da doação pessoal total, na qual toda a pessoa, mesmo na sua dimensão temporal, está presente: se a pessoa se reservasse alguma coisa ou a possibilidade de decidir de modo diferente para o futuro, só por isto já não se doaria totalmente”.[34]

E) Não pode haver ciência sem consciência.

Como dizia o Professor Jérôme Lejeune, “a técnica é cumulativa, mas a sabedoria não o é”.[35] Desde o fim do século XX, o progresso científico tem exigido uma evolução sofisticada da doutrina moral. É por isso que a Igreja explorou competentemente estas questões. Foi o que levou a Congregação para a Doutrina da Fé a publicar duas instruções extremamente precisas e interessantes sobre questões bioéticas: a Donum Vitae, em 1987, e a Dignitas Personae, em 2008. Neste último texto, a Igreja observa:

No variegado panorama filosófico e científico actual, é possível constatar uma ampla e qualificada presença de cientistas e filósofos que, no espírito do juramento de Hipócrates, concebem a ciência médica como um serviço à fragilidade do homem para a cura das doenças, o alívio do sofrimento, e para alargar com equidade a toda a humanidade a necessária assistência. Não faltam, porém, representantes da filosofia e da ciência que encaram o crescente progresso das tecnologias biomédicas numa perspectiva substancialmente eugenética.”[36]

F) A pessoa como um fim, nunca como um meio

Não devemos esquecer o que disse Paulo VI: “ Não somos donos das fontes da vida humana, mas ministros do projeto estabelecido pelo Criador ”.[37] Esta conceção do nosso lugar na criação é a única garantia contra a escravidão sempre possível (aliás, provável) do homem, quando este acredita que tudo o que é possível é moral. A pessoa humana nunca pode ser considerada como um meio para atingir um fim. Infelizmente, é o que acontece com muita frequência atualmente: “A pessoa é apenas um meio e a causa um fim. Se for esse o caso, justifica-se o sacrifício da pessoa à causa. Todas as ideologias baseadas na crueldade e no desprezo pelo homem, cujos terríveis frutos colhemos no século XX e desde 1789, assentam, em última análise, neste desprezo pela pessoa.[38].

É o mesmo no amor, onde a pessoa deve ser amada antes de mais pelo que ela é, e não apenas pelo que ela nos traz. É por isso que este amor não pode ser apenas sentimental. Embora os sentimentos não sejam maus em si mesmos, devem ser dominados e integrados para estarem ao serviço do verdadeiro amor. [39] Na peça de teatro que escreveu em 1960,[40] quando era um jovem bispo de Cracóvia, Karol Wojtyla fez com que a personagem chamada André dissesse esta bela frase: “A beleza que brinca com os nossos sentidos é um dom difícil ou perigoso; levou muitos a serem injustos com os outros. Pouco a pouco, aprendi a preferir a beleza que actua sobre o espírito: a verdade.”[41]

G) Um grande “sim” à vida e ao amor

 Assim, a palavra da Igreja nestes domínios não é senão um grande “sim” à vida e ao amor. Como vimos na Palavra de Deus, o amor humano é tido em grande estima pela Igreja. É por isso que é protegido da desfiguração.

Por detrás de cada «não» refulge, na fadiga do discernimento entre o bem e o mal, um grande «sim» ao reconhecimento da dignidade e do valor inalienáveis de cada e irrepetível ser humano chamado à existência.”[42]

Bento XVI, na sua primeira encíclica, Deus Caritas est, dada a 25 de dezembro de 2005, confirmou o grande ‘sim’ da Igreja ao amor humano. Mas este amor humano deve estar de acordo com a verdade da pessoa:

“Não é apenas a mente ou o corpo que ama: é o homem, a pessoa, que ama como uma criatura unificada, da qual fazem parte o corpo e a alma. Só quando os dois se fundem verdadeiramente numa unidade é que o homem se torna plenamente ele mesmo. Só só assim é que o amor - eros - pode amadurecer e atingir a sua verdadeira grandeza.”[43]

H) Oposição à palavra da Igreja

Há muita oposição à palavra exigente da Igreja. É preciso saber enfrentá-las com serenidade e confiança. Como salientou o Cardeal Ratzinger,na discussão sobre o homem, a resposta do ateísmo está cheia de falhas [44].

  • Um pequeno exemplo ajudar-nos-á a ver isto. Dois estudantes de medicina, com vários anos de diferença e em lugares diferentes, disseram-nos que tinham ouvido no seu primeiro ano que o cristianismo desprezava o corpo. Esta é, de facto, uma afirmação espantosamente falsa. A resposta é muito simples: “O Verbo fez-se carne” (Jo 1,14). Que religião, que filosofia, tem uma ideia tão elevada do corpo que Deus o tomaria e nos prometeria a ressurreição da carne? Nenhuma, a não ser o cristianismo, que tem, de facto, a ideia mais elevada possível do corpo. Mas porque o corpo é um grande bem, é precioso e deve ser protegido, sem se separar da alma e sem se tornar um mero objeto. [45]
  • Nunca devemos aceitar que o ensinamento da Igreja seja ridicularizado. É possível que as pessoas discordem e rejeitem este ensinamento, e isso é um direito delas. Mas não é possível negar que este ensinamento é profundamente racional. Ele permite que as pessoas experimentem a verdadeira felicidade. E é coerente com a inteligência e está em plena harmonia com a ciência. Eis dois exemplos recentes. Em 2012, o Prémio Nobel da Medicina foi atribuído ao biólogo britânico John B. Gurdon e ao médico e investigador japonês Shinya Yamanaka pelas suas descobertas sobre as células estaminais. ““As suas descobertas revolucionaram a nossa compreensão de como as células e os organismos se desenvolvem”, afirma o comité do Nobel. (...) A dimensão ética é também a principal motivação do investigador, que diz ter tomado consciência desta questão após uma visita a uma clínica de fertilidade. “Quando vi (este) embrião, apercebi-me de repente que havia tão pouca diferença entre ele e as minhas filhas. Disse para mim próprio que não podíamos continuar a destruir embriões para a nossa investigação. Deveria haver um outro meio"” [46] O segundo exemplo é o crescente questionamento da contraceção nos dias de hoje, devido aos riscos reais e cada vez mais evidentes que representa para a saúde. Vários escândalos vieram a lume nos últimos anos, e os riscos para a saúde das mulheres e para o ambiente estão a tornar-se cada vez mais evidentes. [47]

Assim, a Igreja, muitas vezes acusada de obscurantismo, não só protege o homem, mas também promove, através de verdadeiros princípios morais e recusando que ele se torne um objeto, uma autêntica ciência ao serviço do homem:

“A intervenção da Igreja, mesmo neste domínio, inspira-se no amor que ela deve ao homem, ajudando-o a reconhecer e a respeitar os seus direitos e deveres. ”[48]

I) Na própria Igreja...

No seio da própria Igreja, existe uma profunda oposição a esta visão profética do homem. Esta oposição baseia-se em dois princípios principais:

  • - A doutrina da Igreja é dita um “ideal” artificialmente construído, afastado da situação concreta e das possibilidades efetivas das famílias, um ideal que nem todos poderiam alcançar, mas apenas uma elite. Para além do facto de esta teoria ser em si mesma elitista, ela é contrária à visão cristã da graça dada por Cristo a todos. João Paulo II condenou-a claramente na encíclica Veritatis Splendor: “Seria um erro muito grave concluir que a regra ensinada pela Igreja é em si mesma apenas um ‘ideal’ que deve depois ser adaptado, proporcionado, graduado, segundo as possibilidades concretas do homem... ”[49]
  • - Além disso, doutrina e pastoral são praticamente opostas. Apela-se à diversidade das situações particulares às quais não podem responder normas gerais, mas apenas um “discernimento” dos casos particulares. Esta visão também é falsa. “A pedagogia concreta da Igreja deve estar sempre ligada à sua doutrina e nunca separada dela.”[50]

Estas teorias são frequentemente caracterizadas pela sua falta de clareza e pela confusão em que tentam esconder a sua incoerência e inconsistência.

No Memorandum acima referido, Karol Wojtyla assinalava as contradições deste pensamento mundano que entrou na Igreja:

As opiniões que afirmam que a atual situação moral difícil dos casais (...) tem a sua fonte exclusivamente no facto de a moral ensinada pela Igreja não ser adequada nas suas exigências, são simplesmente ingénuas. Por um lado, baseiam-se num otimismo que não tem justificação e segundo o qual todo o desejo do ato sexual é apenas uma aspiração de amor; por outro lado, as opiniões acima mencionadas baseiam-se num pessimismo teológico segundo o qual o homem, sujeito a tendências desordenadas, dificilmente pode pôr ordem nas suas acções. Finalmente, são a expressão do legalismo moral. Este legalismo aparece na convicção, dificilmente dissimulada, de que o que é ordem ou desordem moral no matrimónio não é óbvio para a razão, e é por isso que as exigências da lei natural não podem ser conhecidas ou definidas; consequentemente, basta mudar a “lei”, isto é, os princípios proclamados pela Igreja, para que os homens deixem de pecar.”[51]

III- Conclusão

No final desta leitura da bela mensagem da Palavra de Deus e da Igreja sobre a vida humana e o amor, gostaríamos de concluir com algumas reflexões.

  • Antes de mais, é verdade que este caminho é exigente. Mas devemos repetir que não é impossível. Aqueles que, perante as dificuldades, defendem soluções mais fáceis são infiéis ao Evangelho: “Não pretendemos esconder as dificuldades, por vezes graves, que são inerentes à vida dos esposos cristãos: para eles, como para todos, ‘estreita é a porta e apertado o caminho que conduz à vida’ (Mt 6,14) ”[52] Este caminho estreito não é um ideal para alguns, mas um mandamento para todos. Este ensinamento não é apenas teórico. A Igreja levou-o a peito para nos apresentar modelos que viveram este caminho estreito e que hoje, na comunhão dos santos, intercedem para que os imitemos no seu seguimento de Cristo. Como Santa Gianna Molla ou o Professor Jérôme Lejeune pelo seu respeito incondicional pela vida. Como São João Batista, os Santos John Fisher e Thomas More, ou a Beata Elisabetta Canori-Mora, pela fidelidade às palavras de Jesus sobre o matrimónio.
  • As culturas de morte, que se opõem à família, assaltam-nos com inverdades espantosas. É o caso, por exemplo, da ideologia de género. O Cardeal Carlo Caffara, falecido a 6 de setembro de 2017, disse em 2015: “Perante tais factos, pergunto-me sempre: mas como é possível que na mente do homem se possa obscurecer uma evidência tão original, como é possível? E cheguei a esta resposta: é tudo uma obra diabólica. Literalmente. (...) Estamos, portanto, perante a intenção diabólica de construir uma criação alternativa, que desafia Deus com a intenção de ver o homem acabar por pensar que está melhor nessa criação alternativa.”[53]
  • Para fazer frente a esta torrente de perguntas, temos o dever de nos educar para podermos responder com clareza e serenidade, baseados na razão e iluminados pela nossa fé. O amor redimido por Cristo é belo. É exigente, e faz-nos felizes, porque é o único amor que respeita a vida e respeita o homem e a mulher pelo que eles realmente são. Por isso, uma das maiores urgências do nosso tempo é a educação: “A educação da consciência moral, que torna todo o homem capaz de julgar e discernir os meios adequados para se realizar segundo a sua verdade original, torna-se assim uma exigência prioritária à qual não se pode renunciar.”[54] Nesta educação, a Sagrada Família de Nazaré, “protótipo e exemplo de todas as famílias cristãs”, deve ser dada como exemplo. [55]Concluamos com esta bela frase que Karol Wojtyla, em A Loja do Ourives, coloca nos lábios de Adão, o homem misterioso da peça, que intervém para dizer a cada uma das personagens a verdade sobre o seu amor: “O amor não é uma fantasia passageira. Tem o sabor de todo o ser humano, o seu próprio peso e o peso do seu destino. Não pode ser um momento. A eternidade atravessa-o; é a dimensão de Deus, pois só Deus é a eternidade.”[56]

 

[1]Declaração universal dos direitos humanos, artigo 3

[2] João-Paulo II, Evangelium Vitæ, n°1

[3] Declaração universal dos direitos humanos, artigo 16 §3

[4] João-Paulo II, Familiaris Consortio, n°1

[5] Esta é a versão da antiga vulgata; cf. a nota sobre a tradução oficial para a liturgia.

[6] Cf., por exemplo, Ex 4,22; Dt 32,6; Is 49,14-15; Is 54,1-10; Is 66,13; Jr 31,20; Ez 16; Os 2,4-22; Os 11,1-4; a estas referências junta-se o Cântico dos Cânticos, interpretado por toda a Tradição como a expressão, através das palavras do amor conjugal, do amor recíproco de Deus para com o seu povo.

[7] Cf., por exemplo, Gn 9, 5-6; Lv 19, 32; Dt 10, 18; Pr 14, 31; Is 43, 4; Jr 22, 3; Am 2, 6-7 etc.; deixamos claro que, na Bíblia, esta intangibilidade diz respeito ao homem inocente.

[8] Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Dignitas Personae (2008), nº 7

[9] Gaudium et Spes, nº 24

[10] Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Dignitas Personae (2008), nº 8

[11] Cf. também Col 3, 18-21 e Co 7

[12] João-Paulo II, Veritatis Splendor, n° 103

[13]Cf. Dietrich BONHOEFFER, O preço da graça; sermão sobre a montanha, Éditions Delachaux et Niestlé, Neuchâtel, 1967, páginas 11 a 23.

[14] Cf. Dei Verbum, n°10

[15] Cf. JOÃO PAULO II, A teologia do corpo; o amor humano no projeto divino, Apresentação de Yves SEMEN, Les éditions du Cerf, Paris, 2014,

786 páginas

[16] Paulo VI, Populorum (1967), n° 13

[17] Paulo VI, Humanæ vitæ (1968), n° 1

[18] Didache, 2, 1

[19] JOÃO CRISÓSTOMO, Homilias sobre São Mateus, LXII, 19, 1-2. Podemos também citar Santo Ambrósio de Milão sobre o mesmo tema: “Assim, mandais embora a vossa mulher por direito, sem reclamação, e pensais que vos é permitido fazê-lo porque a lei humana não o proíbe; mas a lei de Deus proíbe-o.  Obedeceis aos homens: temei a Deus. Escutai a lei do Senhor, que até aqueles que fazem as leis desafiam: “O que Deus uniu, não o separe o homem”. Mas não é apenas um preceito do céu que é destruído aqui; é como uma obra de Deus.” (Tratado do Evangelho de Lucas, VIII)

 

[20] Cf. Gaudium et Spes, nº 46 a 52

[21] Cf. Gaudium et Spes, nº 48

[22] Cf. Gaudium et Spes, nº 47 § 2

[23] Cf. Gaudium et Spes, nº 48 e 51

[24] Cf. Joseph Ratzinger, Le sel de la terre ; le christianisme et l'Église au seuil du troisième millénaire, Flammarion/Cerf, 1997, edição francesa, páginas 196 a 198. O Cardeal sublinha que a dissociação entre procriação e sexualidade nos aproxima do Admirável Mundo Novo de Huxley (cf. p. 197).

[25] Familiaris Consortio, n° 29

[26]Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Donum Vitæ (1987), n° 5

[27] Cf. João-Paulo II Veritatis Splendor, n° 4 :“Generalizada se encontra também a opinião que põe em dúvida o nexo intrínseco e indivisível que une entre si a fé e a moral, como se a pertença à Igreja e a sua unidade interna se devessem decidir unicamente em relação à fé, ao passo que se poderia tolerar no âmbito moral um pluralismo de opiniões e de comportamentos, deixados ao juízo da consciência subjectiva individual ou à diversidade dos contextos sociais e culturais.”

[28] Joseph Ratzinger, O novo Povo de Deus, Audier Montaigne, Paris, 1971, página 70

[29] João-Paulo II, Fides et ratio (1998), n° 1

[30] Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Dignitas Personæ (2008), n° 3

[31] Paulo VI,  Humanæ Vitæ (1968), n° 7

[32] Paulo VI,  Humanæ Vitæ (1968), n° 31

[33] Publicado em JOÃO PAULO II, A teologia do corpo; o amor humano no projeto divino, Apresentação de Yves SEMEN, Les éditions du Cerf, Paris, 2014, 786 páginas

[34] João-Paulo II, Familiaris Consortio, n° 11

[35] Jérôme LEJEUNE, Extrato da conferência de encerramento do excelente DVD: “Jérôme Lejeune, aux plus petits d'entre les miens”; Filme de François Despés, com Aloest productions e KTO, 68 minutos

[36] Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Dignitas Personæ (2008), n° 2

 

[37] Paulo VI, Humanæ Vitæ (1968), n° 13

[38] Joseph RATZINGER, La gloire de Dieu aujourd'hui ; méditations, Éditions Parole et Silence, 2006, página 63

[39] Cf. Bento XVI, Deus Caritas est, n° 17; cf também a análise de Karol Wojtyla, Pessoa e ato, Paris, Edição du Centurion, 1983, (339 páginas), particularmente as páginas 275 a 279

[40] Escrito na altura sob o pseudónimo de Andrzej Jawien, convém recordar que Karol Wojtyla já tinha uma grande experiência no trabalho pastoral com jovens e famílias.

[41] Karol WOJTYLA, A Loja do Ourives, Cana Cerf, 1979, página 14

[42] Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Dignitas Personæ (2008), n° 37

 

[43] Cf.Bento XVI, Deus Caritas est, n°5

[44] Joseph RATZINGER, A comunhão de fé - tomo 2 : Discernir e agir, Parole et silence, 2009, página 185

[45] Cf.Bento XVI, Deus Caritas est, n°5, paricularmente o último parágrafo

[46] http://www.lavie.fr/actualite/france/prix-nobel-de-medecine-pour-yamanaka-une-revolution-scientifique-et-ethique-08-10-2012-31666_4.php

[47] Ver o artigo de Solange Bied-Charreton, “ Pílula, a idade do escândalo", em Valeurs Actuelles, n.º 4219, 5 a 11 de outubro de 2017, páginas 36 a 38.

[48] Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Donum Vitæ (1987), n° 1

[49] JOÃO PAULO II, Veritatis Splendor, n.º 103; cf. também Familiaris Consortio, n.º 34: “Não devem, porém, considerar a lei como um mero ideal a realizar no futuro, mas como um mandamento de Cristo Senhor para superar seriamente os obstáculos."

[50] JOÃO PAULO II, Familiaris Consortio, n. 33; sobre este assunto, ver também o importantíssimo n. 56 da encíclica Veritatis Splendor: “Para justificar semelhantes posições, alguns propuseram uma espécie de duplo estatuto da verdade moral. Para além do nível doutrinal e abstracto, seria necessário reconhecer a originalidade de uma certa consideração existencial mais concreta. Esta, tendo em conta as circunstâncias e a situação, poderia legitimamente estabelecer excepções à regra geral permitindo desta forma cumprir praticamente, em boa consciência, aquilo que a lei moral qualifica como intrinsecamente mau. Deste modo, instala-se, em alguns casos, uma separação, ou até oposição entre a doutrina do preceito válido em geral e a norma da consciência individual, que decidiria, de facto, em última instância, o bem e o mal. Sobre esta base, pretende-se estabelecer a legitimidade de soluções chamadas «pastorais», contrárias aos ensinamentos do Magistério, e justificar uma hermenêutica «criadora», segundo a qual a consciência moral não estaria de modo algum obrigada, em todos os casos, por um preceito negativo particular.”

 

 

[51] Karol WOJTYLA e alii, Os fundamentos da doutrina da Igreja sobre os princípios da vida conjugal, publicado em JEAN-PAUL II, A teologia do corpo; o amor humano no plano divino, apresentação de Yves SEMEN, Les éditions du Cerf, Paris, 2014, página 655

[52] Paulo VI, Humanæ Vitæ (1968), n° 25

[53] http://www.tempi.it/famiglia-caffarra-bisogna-che-il-popolo-combatta-per-la-legge-come-per-le-mura-della-citta#.We8ByNKrTbg

[54] JEAN-PAUL II, Familiaris Consortio, nº 8

[55] JEAN-PAUL II, Familiaris Consortio, nº 86

[56] Karol WOJTYLA, A Loja do Ourives, Cana Cerf, 1979, páginas 48-49

 

Vídeo em francês

O que você quer fazer?