Aprender a esperar

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Homilia para o primeiro domingo do Advento - Ano A

Domingo 30 de novembro de 2025

Esperar, para um cristão, é uma atividade!

Aqui estamos nós a caminho do Natal. Começamos hoje o tempo do Advento. Começamos a esperar. Vivemos num mundo que não gosta esperar. Aliás, nós próprios não gostamos esperar. Porque queremos tudo e queremos já. Vivemos num mundo – pelo menos no Ocidente – onde não se espera nada, porque se tem tudo. Ou melhor, acredita-se ter tudo... Como diz Jesus: «come-se, bebe-se, casa-se...». Esperar está, portanto, associado à renúncia. É o pobre que espera, aquele que depende daquilo que espera.

Ora, a Igreja começa o seu ano litúrgico com este tempo da espera. Mas do que se trata? Esperar o quê? Esperar quem? E até quando? Há alguns dias, num texto do ofício das leituras, ouvimos um trecho de uma homilia de São Clemente de Roma, do século II. Ele dizia: «Entre os justos, nenhum colheu frutos precoces: é preciso saber esperar.»[1] Saber esperar... Então, esperar seria uma ciência? Ou uma arte? É preciso, portanto, aprender a esperar? Sim, é preciso. Durante este tempo do Advento, precisamos aprender a esperar. Aprender o que é a espera e como vivê-la.

Porque a espera pode ser extremamente passiva, como quando se espera por um comboio ou por uma consulta médica numa «sala de espera». Pelo contrário, quando se espera em casa por alguém importante ou próximo, espera-se preparando a sua chegada. Ficamos ocupados e temos coisas a preparar para esse momento esperado com aquele que temos a honra e a alegria de receber. Essas duas maneiras de esperar não têm nada a ver uma com a outra. Jesus falou-nos sobre isso na parábola dos talentos. Enquanto esperavam pelo regresso do Mestre, os servos agiram para preparar a sua chegada, fazendo frutificar os dons recebidos. Enquanto que o mau servo esperou sem fazer nada. Então, o que vamos preparar para a vinda do Senhor Jesus?

Porque é Ele, Nosso Senhor e Salvador, que esperamos. Se o tempo da Quaresma é um tempo de penitência que nos lembra que a penitência faz parte da nossa vida cristã, o tempo do Advento lembra-nos que a espera também faz parte da nossa vida cristã, e ao longo de toda a nossa vida. Porque estamos à espera do regresso do Senhor, que virá. Ele virá no fim dos tempos. E se morrermos antes desse fim dos tempos, ele virá de qualquer maneira ao nosso encontro no momento da nossa morte. Assim, o que esperamos – ou melhor, aquele que esperamos – virá, isso é uma certeza. Mas... não sabemos quando. E, como diz Santo Agostinho, «Ele virá, e tu não sabes quando. E se Ele te encontrar pronto, não há inconveniente para ti em não saberes».[2]

No entanto, a descrição que Jesus faz da sua vinda no evangelho é bastante dura. Hoje em dia, insiste-se muito no «todos»... A realidade é que todos são chamados, mas nem todos serão escolhidos. Jesus é muito claro hoje:

«Então, dois homens estarão no campo: um será escolhido, o outro será deixado. Duas mulheres estarão no moinho a moer: uma será levada, a outra deixada. Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia o vosso Senhor virá». E Jesus conclui dizendo-nos como esperar: «Estai, pois, prontos, também vós: é na hora em que não pensardes que o Filho do homem virá. "

Este realismo de Jesus não deve assustar-nos. Como diz ainda Santo Agostinho: "Amamos o Senhor quando tememos a sua vinda? Meus irmãos, não temos vergonha? Amamos e tememos a sua vinda! Amamos-nos verdadeiramente ou não amamos mais os nossos pecados? »[3] Portanto, estas palavras de Jesus devem, acima de tudo, ajudar-nos a esperar a sua vinda da maneira correta – isto é, sermos ativos no bem. Esperar, para um cristão, é uma atividade.

Assim, a Igreja, ao fazer-nos reviver este tempo de espera pelo nascimento de Jesus no Natal, ensina-nos a renovar nas nossas vidas esta dimensão essencial da vida cristã: a espera pelo seu Senhor. E o que produz a espera – esta verdadeira espera? Esperar aprofunda o desejo, purifica o desejo, aumenta o desejo.

São André, que hoje celebramos, é um modelo. Na transição entre o Antigo e o Novo Testamento, ele esperava a vinda do Messias, e a frase que ele dirá ao seu irmão Simão Pedro é eloquente: «Encontrámos o Messias» (Jo 1, 41). Mas, nestes dias que nos conduzem ao Natal, olhemos sobretudo para a Virgem Maria, para esperar com ela e, mais ainda, como ela, a vinda do seu Filho. Com São José, eles puseram em prática, discretamente, na calma, no silêncio e na vida simples de Nazaré, a palavra de Isaías ouvida neste domingo: «Caminhemos à luz do Senhor! » E a de São Paulo na segunda leitura: «Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.» Aprendamos com a Virgem Maria e São José a esperar a vinda do Senhor. É caminhando na sua luz e revestindo-nos do Senhor Jesus Cristo que, com Nossa Senhora das Neves, que celebraremos na próxima semana, prepararemos a vinda de Jesus no Natal.

[1] Ofício das leituras, sábado da 32ª semana do tempo comum

[2] Ofício das leituras, domingo da 33ª semana do tempo comum

[3] Ofício das leituras, domingo da 33ª semana do tempo comum

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